03 setembro 2008

O poder da canção: criação de Nárnia


Eu hoje ia escrever sobre outra coisa, mas vi um videozinho muito bacana que também recomendo no Pensamentos Cativos ilustrando a Criação do Mundo. Decidi então em escrever sobre um texto que gosto bastante.

Já imaginou o poder da canção? Eu sempre ficava imaginando como seria para Deus ouvir nossa voz, receber um cântico novo, como seria essa sensação. Depois eu fui invertida, quando comecei a ouvir as canções celestes. Experimentei sensações mil. Então, um dia, eu li sobre a criação de Nárnia. C.S. Lewis traduziu com perfeição o que seria o poder da canção em sua alusão à criação do mundo, conseguiu colocar Cristo (Leão) no centro da criação como sendo quem profere o poder de Deus, traduziu a fala por canção e ainda descreveu como a natureza geme as dores da criação. Recomendo leitura integral, mas vou atiçar a vontade com alguns trechinhos legais.

A CRIAÇÃO DE NÁRNIA (apenas trechos)

O Leão andava de um lado para o outro na terra nua, cantando a nova canção. Era mais suave e ritmada do que a canção com a qual convocara as estrelas e o sol; uma canção doce, sussurrante. A medida que caminhava e cantava, o vale ia ficando verde de capim. O capim se espalhava desde onde estava o Leão, como uma força, e subia pelas encostas dos pequenos montes como uma onda. Todo esse tempo, prosseguiam a canção do Leão e seu majestoso caminhar, de um lado para outro, para a frente e para trás. Ouvir a canção era ouvir as coisas que ele estava criando: olhava-se em volta, e elas estavam lá. No entanto, o que a canção provocava nos seres humanos não era nada, se comparado com o que estava acontecendo ao resto daquele mundo. Você é capaz de imaginar um monte de terra relvosa a borbulhar como água na chaleira? Não pode haver melhor descrição do que estava acontecendo. Por todos os lados a terra se inchava em corcovas. E as corcovas mexiam-se e ficavam inchadas até estourarem: aí, a terra se derramava e de cada monte surgia um bicho. Pela primeira vez, o Leão ficou em total silêncio, indo e vindo entre os animais. O Leão abriu a boca, mas não produziu nenhum som: estava soprando, um sopro prolongado e cálido. Depois, vindo do céu ou do próprio Leão, surgiu um clarão feito fogo (mas que não queimou nada). A voz mais profunda e selvagem que jamais haviam escutado estava dizendo:
— Nárnia, Nárnia, desperte! Ame! Pense! Fale! Que as árvores caminhem! Que os animais falem! Que as águas sejam divinas!

(LEWIS, C. S. A criação de Nárnia. In: As crônicas de Nárnia: O sobrinho do mago. Vol. 1., Cap. 9)

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2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

A canção é muito presente nos mitos. Em O Silmarillion, de Tolkien, amigo de C.S. Lewis, o Universo (Eä) é criado também através de uma música (a Ainulindalë).

A criação bíblica não envolve música mas envolve um mesmo elemento básico desta: a voz. Deus sempre chama à existência em Gênesis.

8:51 PM  
Anonymous Anônimo disse...

olha que comentario legal esse q o teo fez! gostei mesmo...nunca havia pensado nisso.

9:00 AM  

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